21 de Junho de 2019

Querido Cossa,

Nas nossas últimas férias familiares desempenhaste fantasticamente o teu papel de ‘co-procriador’ e quero felicitar-te por isso. É estranho ter que te felicitar por teres feito coisas pelas quais és co-responsável. Mas, o faço porque sim, porque me apetece!

Gostei muito das iniciativas que tomaste durante as férias que permitiram que partilhássemos bastante dos cuidados das crianças e da família no geral. Fizeste muitas coisas sem necessidade de que te lembrasse ou te pedisse para fazer. Foi tudo por tua própria iniciativa. À isso me refiro quando falo de co-responsabilidade.

Me refiro à coisas como:

1. Fazer a nossa mala tanto quando tínhamos que mudar de cidade, como no último dia antes de voltarmos para casa;
2. Acordar cedo com as crianças e permitir-me dormir um pouco mais durante algumas manhãs;
3. Preparar os pijamas e o leite para as crianças tomarem antes de dormirem, enquanto eu as dava banho;
4. Tratar do jantar enquanto eu tratava das crianças:
5. Mudar as fraldas que davas conta que estavam cheias, sem necessidade de afirmar “a fralda da fulana está cheia!”
6. Agora que estamos a treinar a nossa mais velha a usar a pia/penico, se já estivesses acordado quando ela acordava, lhe punhas sentada na casa de banho;
7. Participar na preparação das crianças para passar o dia na praia – aplicar o protector solar, negociar o uso do chapéu, arrumar as toalhas, fatos de banho, lanches, água, etc.;
8. Ir por algumas horas sozinho com  as crianças à praia, para eu poder ter um tempinho para mim…

Algumas destas coisas já fazias em casa. Mas, como já conversamos noutro momento, quando íamos de férias, tu parecias esquecer que nós só tínhamos mudado de lugar, e que as responsabilidades com as crianças mantinham-se. Noutras ocasiões era necessário lembrar-te do teu compromisso em participar nos cuidados.

Por isso recebo com alegria e optimismo a tua mudança de atitude. E, desejo do fundo do meu coração que:

• Se o teu comportamento deveu-se à um aumento da tua consciência sobre a paternidade activa e participativa, que essa consciência continue a expandir-se e que traga mais frutos doces;
• Se o teu comportamento deveu-se à algum feitiço (como diria um sector da sociedade moçambicana se tivesse te visto), que esse feitiço seja mesmo bom, duradouro e que se auto-renove.

Seja como for, estás de parabéns!

Com amor,

Eu