Mas afinal essa zanga não acaba?

Na minha segunda gravidez passaram-se coisas muito estranhas. Uma delas é que desenvolvi uma zanga inexplicável com o meu parceiro. Eu não saberia dizer exactamente quando ela começou, só me lembro de ter passado a maior parte da gravidez zangada com ele.

Eu zangava-me por e com tudo relacionado com ele. Não tinha paciência com ele. As anedotas dele não me pareciam nada engraçadas. As vezes não suportava o cheiro dele; Para mim, ele não fazia nada bem e penso que esse sentimento me levou a desenvolver uma atitude beligerante com ele. Muitas vezes eu me sinto como se estivesse numa guerra com ele e que preciso atacar para não ser atacada. Quando estou consciente não gosto nada de sentir-me assim mas sinto que essa situação me supera. Eu não sei explicar porquê me sinto zangada, mas me sinto assim.

Ouvi dizer que acontece com muitas mulheres, quando estão grávidas de um menino, que podem sentir como se não gostassem dos parceiros. Uma amiga contou-me que a tia dela não falava com o marido durante todo o período de uma das suas gravidezes. Durante essa gravidez a tia esperava um menino. Uma vez conversava com uma amiga sobre a possibilidade de se ter uma segunda criança e ela afirmou algo que só entendi agora, “Eu ainda estou zangada com o meu marido, nem consigo imaginar uma segunda gravidez”. Ela também acabava de ter um menino.

Haverá uma explicação?

  • Será que algumas gravidezes provocam reacções químicas que provocam essas zangas?
  • Será que isso só ocorre na gravidez dos meninos?

O meu bebé já tem sete meses e eu ainda me sinto zangada. O pior é que ao estar a carregar sempre esta energia, influencio a energia do meu companheiro, e isso faz com que ele esteja sempre na defensiva. Claro, tem que se defender dos meus ataques, e estes vêem de todas as frentes. Por exemplo, recentemente dei-lhe boleia para ir buscar um carro que um amigo nos havia emprestado para carregar umas coisas. Há um tempo atrás, na zona onde se encontra o trabalho do nosso amigo, era impossível estacionar, havia muitíssimos carros estacionados na estrada e no passeio. Mas nesse dia os carros não estavam lá e não era feriado. Eu perguntei “onde é que @s trabalhadoras/es desta empresa estacionam os seus carros?” Uma daquelas perguntas que poderia estar a fazer-me a mim própria em voz alta, ou seja, não esperava necessariamente uma resposta. E ele, que anda com o ‘escudo antimísseis’ activo respondeu com um tom surpreso e irritado com a pergunta que não sabia, não trabalhava ali e não tinha como saber. Grande parte da energia que partilhamos no último ano é essa, de ataque e defesa e infelizmente ela não é nada construtiva.

Sinceramente não gosto de me sentir assim e, sinto que seja lá o que for que influencia essa zanga prolongada, não acaba de ir embora. As vezes nos encontramos em oásis, temos apreciação e admiração mútua, nos fazemos algum carinho ou mimo, damos gargalhadas profundas junt@s, como antes da gravidez do menino e falamos sobres os nossos sonhos. Mas no fundo, um pouco da zanga continua lá.

Será que a zanga acabará?

Eu decidi abordar esta situação de forma consciente, reconhecendo que sou a única pessoa responsável por como me sinto. Há uns meses decidi incorporar duas acções para me ajudarem a mudar a energia que carrego e que irradio neste momento:

  1. Faço a seguinte afirmação todos os dias, de manhã ou de noite:
  • Hoje não julgarei nada que ocorra

 

  1. Faço ‘meditações de perdão’ ou ‘visualizações de perdão’ pelo menos uma vez por semana:
  • Onde me visualizo a perdoá-lo (por seja lá o que for) e visualizo a ele a perdoar-me. Dou-me alguns minutos para imaginar e sentir esta situação.

Ainda é cedo para falar de resultados sustentáveis, o que posso dizer de momento é que estas práticas têm contribuído para que eu não tome as coisas tão a peito, como se tudo fosse uma crítica à minha pessoa, para ‘não levar as coisas para dentro de mim’. Tenho observado mais a mim mesma, a ele, os acontecimentos, e isso tem me permitido tirar a valorização/julgamento e aprender a me perguntar o que quero fazer com aquela informação ou situação sem chegar a zangar-me ou a tirar as garras.

Gostaria de inspirar-me na experiência de outras mulheres que tenham passado por algo semelhante e superado. Se não te importa, por favor partilha a tua experiência.

 

 

 

Compartilha o amor

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